TEM gente questionando a higidez mental do presidente da república. Aliás, um respeitado jornalista (Ricardo Kotscho) disse expressamente (disse, não, escreveu!) que “Bolsonaro tem problemas mentais e precisa ser urgentemente interditado”. Seria exagero? Sabe-se lá.
Uma coisa que parece mais ou menos óbvia é que o presidente não tem filtro. Isso não tem mesmo. E é nas pequenas coisas que se percebe isso; um prato cheio para a psiquiatria e a psicanálise.
Começa que não é usual um presidente da república ser condenado na Justiça (cível) por ter dito a uma ministra que “não a estuprava porque ela não merecia”. Convenhamos, uma frase violenta e vulgar como essa não é pra qualquer um – menos ainda para o máximo magistrado da nação.
Uma vez, perguntaram ao presidente a respeito de suas mordomias como deputado, especificamente sobre o imóvel a que tinha direito em Brasília, e ele não titubeou: disse que sua casa na capital da República estava lá sem uso, era usada apenas para “comer gente”. Mamma mia, que falta de compostura!
Grande maluquice foi aquele tuíter do Golden Shower no carnaval. Não cabe a um presidente da república fazer circular em sua conta nas redes sociais um vídeo pornográfico em que uma pessoa urina na cabeça da outra simulando uma relação sexual sadomasoquista. Não dá, né? Para um presidente não dá; tanto que a postagem sumiu da conta do capitão.
Há poucos meses, a Justiça condenou um apresentador de televisão (Danilo Gentili) por ter ofendido – também com palavras de baixo calão -, a ex-ministra Maria do Rosário (a mesma que Bolsonaro ofendeu). Sabendo disso, o presidente não teve dúvidas: correu no tuíter e prestou solidariedade ao apresentador condenado. Sem comentário.
A última desse naipe foi sobre esse rapaz conhecido como MC Reaça, um compositor de funk. O cara espancou sua amante que estava grávida, provocou-lhe seriíssimas lesões corporais, e depois se matou. O presidente correu a meter o bedelho onde não era chamado: foi no tuíter e prestou solidariedade ao agressor. Vê lá se isso é coisa de um presidente da república.
No começo do governo (ou desgoverno, sei lá!), o capitão andou paparicando os israelenses e até se encontrou com o premiê Bibi Netanyahu – aqui e em Israel. Estava, portanto, em lua de mel com os judeus. Não demorou nada, afirmou na imprensa que o Holocausto poderia ser perdoado. Os israelenses arrepiaram e o presidente correu lá pra se explicar.
Agora há pouco, ele deu uma entrevista a um jornal argentino e disse que era chamado de misógino, mas não sabia o que significava misógino. Esclareceu que entrou no Google pra saber o que era; leu, mas não entendeu nada – acha, portanto, que misógino é gay que não gosta de mulher. Comédia?
O mesmo jornal da Argentina perguntou ao presidente sobre o PIB brasileiro, que estava em queda e acabara de cair novamente. O capitão não teve dúvida: disse que não sabia o porquê dessas quedas, pois não entende nada de economia. Portanto, não adiantava perguntar a ele. Perguntar aonde, no Posto Ipiranga?
Bolsonaro já liberou armas para o povo; liberou aula de tiro para crianças; liberou agrotóxico sem critério; liberou velocidade nas estradas, suspendendo a instalação de radares; e quer liberar agora a multa para os pais que carregam seus filhos sem a cadeirinha de segurança nos automóveis. Vai falar que é normal!
Quando era tenente do Exército, Jair Bolsonaro acumulou várias ações e inquéritos pela prática de inúmeras infrações que culminaram com sua aposentadoria compulsória e precoce. Puseram-no pra fora. Pois até ato terrorista ele tinha planejado quando era militar da ativa. Vê se pode!
Bolsonaro já disse que quilombola é vagabundo, “pois tem uns lá que pesam mais de sete arrobas”; disse que seus filhos foram bem educados e, por isso, nunca se apaixonariam por uma negra; afirmou também que filho gay se cura com pancada. Na mesma ocasião, agradeceu ao pai pelas pancadas que lhe dera, e que o fizeram virar homem.
O inspirador (ou guru) do capitão é um astrólogo pra lá de maluco, que vive nos Estados Unidos cuspindo asneiras pra todo lado, insultando inclusive os militares que ajudaram Bolsonaro a chegar ao poder. Quando se esperava que o presidente fosse defender os fardados que o sustentam, ele apoiou publicamente o guru que atacava os fardados. Não tem lógica.
Nem compensa ficar repetindo aqui os disparates do capitão sobre ditadura e ditadores; tortura e torturadores; sobre a arminha simulada com a mão; sobre a atuação bem-vinda de milicianos, dos grupos de extermínio e o fuzilamento de adversários políticos… é maluquice demais. O problema é que são 208 milhões de brasileiros vivendo, diariamente, à mercê dessas doideiras todas!
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